O refluxo gastroesofágico é uma condição na qual o conteúdo do estômago (alimento ou líquido) vaza em direção contrária ao estômago para o esôfago (o tubo da boca ao estômago). Essa ação pode irritar o esôfago e provoca lesão, causando azia, dor e queimação no peito. A doença do refluxo causa frequentemente esofagite, que é uma inflamação no esôfago devido ao contato do líquido gástrico muito ácido no mesmo.
Os alimentos mastigados na boca passam pela faringe, pelo esôfago (um tubo que desce pelo tórax na frente da coluna vertebral) e caem no estômago,situado no abdômen. Entre o esôfago e o estômago existe uma válvula (esfíncter) que se abre para dar passagem aos alimentos e se fecha imediatamente para impedir que o suco gástrico penetre no esôfago. Quando existe alguma fraqueza nessa região provocada por alterações funcionais do próprio músculo ou porque o diafragma (músculo que separa o tórax do abdômen) não consegue conter as estruturas que estão abaixo dele, o estômago sobe e forma uma protrusão chamada hérnia de hiato. Nesse caso, um líquido ácido escapa do estômago, atinge o esôfago e pode alcançar outros órgãos dos aparelhos digestivo e respiratório.
Quase todas as pessoas já tiveram refluxo, sendo muito comum em grávidas e em bebês de até um ano de idade. Segundo a nutricionista Penélope Lacrisio dos Reis Menta, existe o refluxo fisiológico e o patológico. O primeiro ocorre naturalmente e não está associado a doenças. Já no patológico, temos a doença do refluxo gastroesofágico, onde a musculatura do esôfago, mais precisamente o já citado esfíncter esofágico inferior, perde tônus e, por consequência, sua capacidade de regular a volta do alimento e do suco gástrico para o esôfago. "Cerca de 30% da população já teve refluxo alguma vez, mas se o fisiológico for recorrente ele se torna patológico. O primeiro sintoma é a azia, podendo evoluir para uma regurgitação e tosse. Em casos mais graves pode haver uma infecção no esôfago e no pulmão,crises de asma e bronquite", explica.
Penélope Menta ainda conta que o refluxo pode levar a outras doenças ligadas ao aparelho respiratório ou à cavidade oral. Ela comenta sobre a gravidade do quadro, caso haja uma evolução da doença. "Existem várias complicações ligadas ao refluxo. Os dentes podem perder a calcificação e surgir aftas e mauhálito. Com a evolução do quadro, a volta do conteúdo ácido do estômago para o esôfago vai lesando suas células, podendo gerar algumas úlceras. Na tentativa do organismo de recuperar essa mucosa danificada, de substituir um tecido por outro, ocorre uma troca de células chamada metaplasia. Essa substituição gera um outro quadro, o Esôfago de Barrett que, se não tratado, pode levar ao câncer de esôfago".
Tratamento
Para a nutricionista do Acompanhar (Unidade Jaraguá) Bruna Relvinhas Mazeo, o refluxo surge de alterações anatômicas do esôfago e está associado principalmente à questão dos hábitos alimentares e comportamentais. Neste sentido, devem ser evitados hábitos e alimentos que diminuem a pressão do esfíncter esofagiano inferior. "Devemos adotar uma dieta hipolipídiga, ou seja, baixa em gordura, além de evitar chá preto, chá mate, café, hortelã, molho de tomate, refrigerante, pimenta, cerveja, cigarro, entre outros alimentos que irritam a mucosa gástrica. Também devemos aumentar o fracionamento e reduzir o volume, ou seja, comer mais vezes ao dia e reduzir a quantidade para evitar a distensão abdominal e de preferência fazer as refeições em um ambiente mais tranqüilo e sem muito movimento. O hábito de deitar logo após a refeição também deve ser abolido", pondera.
O refluxo tem cura, mas o esfíncter não volta ao que era antes. Por esta razão o paciente não deve se descuidar. Alguns alimentos estimulam a musculatura do esôfago, mas tudo depende da fase em que a doença foi diagnosticada e do paciente seguir ou não à risca o tratamento que lhe foi passado. "O tratamento vem a partir de uma anamnese (entrevista detalhada que o profissional da saúde faz com seu paciente), com o objetivo de diagnosticar a doença. Ele será através da dieta, medicamentoso e, em último caso, cirúrgico. Além disso, o excesso de peso é um fator muito importante, pois o acúmulo de gordura abdominal aumenta a pressão do estômago, favorecendo a volta do alimento. Muitas vezes uma pessoa obesa apresenta os sintomas do refluxo, mas esses mesmos sintomas desaparecem depois que ela emagrece e não é necessário nenhum tipo de medicamento. Somente a perda de peso e a mudança na alimentação já bastam", conclui Bruna Mazeo.
Sintomas
Queimação epigástrica e retroesternal, azia e regurgitação ácida
Tratamento
O tratamento inicial se dá através da dietoterapia, cirurgia ou ação medicamentosa
O que deve ser feito
Reduzir o volume e aumentar o fracionamento da dieta;
Não ingerir líquidos nas principais refeições;
Evitar alimentos que irritam a mucosa esofágica como pimenta do reino, hortelã, canela, menta;
Evitar alimentos que contém cafeína e teobromina como refrigerantes de cola, café, chá preto,chocolate;
Evitar alimentos gordurosos como fritura, feijoada,carnes gordas;
Evitar bebidas alcóolicas e gaseificadas;
Perda de peso.
O que deve ser consumido (estimulam a musculatura do esôfago)
Vegetais frescos;
Verduras (de preferência cozidos);
Frutas não cítricas como maçã, mamão, melão,melancia;
Pães (incluindo os integrais), bolos, torradas,biscoitos (que não sejam doces)
Ovo (cozido,poché).
Recomendações Gerais
Não comer antes de dormir (alimentar-se 2 a 3 horas antes);
Não recostar ou deitar após a refeição;
Manter a cabeceira da cama elevada;
Evitar roupas apertadas;
Realizar a refeição em ambiente calmo, tranquilo e sem pressa;
Não fumar.
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